22 fevereiro 2010

Arte a serviço da Criação


A arte é uma linguagem, uma representação sígnica de sentimentos, de desejos e de crenças.
Chega ao ser humano, por níveis inalcansáveis por nenhuma outra área de expressão.
É universal, pois que pode ser lida, vivenciada e compreendida em qualquer cultura ou região.
É atemporal, porque se estende sobre o manto do tempo e é uma atividade, porque se renova através do olhar daquele a quem ela comunica.
É dinâmica porque traz em si o germe da pluralidade e a capacidade inerente de se auto codificar e recodificar através dos séculos e das culturas.
É identidade porque reflete a sociedade de seu tempo e é transgressora porque questiona, avalia e propõe constantemente o novo, uma vez que é freqüentemente, a arte, dentre as áreas do conhecimento humano, quem se coloca à frente de seu tempo.
É coletiva e autônoma porque fala indistintamente a jovens e velhos, mulheres e crianças, negros, pardos, amarelos e vermelhos, sem perder sua própria identidade.
Arte é pois o veio aurífero do ser humano, sua porção divina de co-criador.
É a arte que lhe imprime o desejo da angelitude, que o encoraja frente à refrega do oceano material. É o que lhe permite alçar vôos, vislumbrar outros horizontes inimagináveis, é o que lhe faz buscar algo diferente, lhe impulsionando ao progresso.
As grandes transformações da humanidade foram germinadas no seio da imaginação, filha da arte. Não há nada que o homem faça sem que antes lhe brote do seio o desejo e a aspiração, igualmente, irmãos da imaginação, que, reunidos, alimentam a arte através da procura de satisfação e prazer.
Ao exprimir-se artisticamente, o homem se reconstrói, se coloca em cheque mergulhando no fogo da transformação e dele emergindo, burilado o sentimento, e pronto a novas aspirações.
Durante muitos séculos o homem utilizou-se da arte para representar o que lhe fugia à compreensão. Com ela criou deuses, edificou cidades, construiu estória. Assim, não haverá nenhuma área do conhecimento humano que da arte não tenha partido ou que nela não tenha imergido em algum instante e dessa imersão saído vitoriosa. Porque a arte trás em si o germe da ousadia, mola mestra das transformações.
Não haverá progresso onde não se viu a ousadia e a coragem do risco.
Nenhuma batalha foi iniciada e nenhuma conquista edificada sem que não lhe encontre na base, incrustado, um coração sensível à inquietação e à transgressão, germes da arte.
Onde outros falham, a arte impera. Onde outros calam, a arte grita. E quando se cala, a arte incomoda.
É corrente caudalosa incontrolável, onda permanentemente a invadir a Terra, envolvendo-a e transformando-a.
Eis seus caracteres, eis sua finalidade última.
Arte, veículo e caminho de transformação a serviço da Criação.
Fonte viva, que promana de Deus e que a Ele resgata das cinzas, a sua obra-prima, pronta e lapidada: a humanidade.

Ariel Espírito/Denize de Lucena

14 de outubro de 2002

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