31 março 2010

Vem aí, a IX Mostra Espírita de Dança: Prepare-se!!!!

Olá, artistas!

Olá, bailarinos de todo Brasil!!!

Preparem as sapatilhas, pois vem aí ...

IX Mostra Espírita de Dança

Arte na Casa Espírita:

Novas formas de ver, nova estética no ser

13, 14 e 15 de novembro de 2010

Local: Instituto de Difusão Espírita - IDE

Rua Emílio Ferreira, 177 - Centro - Araras/São Paulo

A Mostra é composta por módulos de estudo sobre o tema proposto, oficinas de aprimoramento envolvendo teoria e prática da dança, além de apresentações de Grupos Espíritas de Dança de todo o Brasil!

Os bailarinos pagam uma taxa de inscrição referente a alimentação e a hospedagem é realizada no local do evento ou em uma escola gratuitamente. Os que tiverem interesse, podem ficar em hotéis, no entanto, neste caso, a hospedagem fica por conta dos interessados.

Em breve, maiores informações sobre inscrições para grupos e participantes individuais.

Este ano teremos o

II Curso - Dançando com a Alma: O Trabalho do Coreógrafo no Grupo Espírita,

Voltado para coordenadores e coreógrafos de grupos espíritas de dança. O curso deste ano será dirigido à aqueles que não participaram no ano anterior. ( Em breve, notícias sobre inscrições e vagas, que são limitadas!)

Para 2011 já está previsto o módulo 2, para aqueles que participaram do I Curso de Formação de Coreógrafos em 2009.

Comece a se preparar desde já e venha ajudar construir a história da dança espírita brasileira!

Maiores informações: Camila Tavine (coordenadora da mostra)


Abraço a todos,

Daniela L. P. Soares




Grupo ILUMINAR de Belo Horizonte estréia novo espetáculo

O Grupo Espírita de Dança ILUMINAR, de Ribeirão das Neves/MG ( grande Belo Horizonte) estréia sábado, dia 03 de Abril seu novo espetáculo – “Chico: Mandato de Amor”.




O grupo vem se preparando desde Novembro de 2009, para a sua primeira montagem. O Grupo que já apresentou diversas coreografias como: Regenerarte, Armadura e Vibração, encara agora o desafio de apresentar um espetáculo que se compõe de performances e várias coreografias cuja tema central é a vida e obra de Francisco Cândido Xavier.



Para o espetáculo, o elenco realizou extensa pesquisa sobre a bibliografia do autor e de outras obras de apoio.Vivências corporais diversas foram necessárias e muitos ensaios. Além disso, contou com a ajuda de uma equipe de amigos e colaboradores para a parte de sonoplastia, cenografia e apoio técnico, sem a qual o espetáculo não seria concluído.

O elenco é bem eclético e conta com a participação de bailarinos que estão iniciando sua aprendizagem artística e de alguns “veteranos”, que já participam há um ano e meio das aulas técnicas. As idades também são bem variadas, reunindo meninas de 9, 10 anos, adolescentes e adultos que iniciaram dança há pouco tempo. Mais uma vez, vemos a arte unindo, transformando e elevando.

O grupo está bem animado com a montagem, ansiosos para a estréia, mas também muito centrados na perspectiva de mudança e sensibilização que o espetáculo incita e que segundo, os próprios bailarinos, inicia com a disposição de mudança e esforço da vivência evangélica neles mesmos.

A apresentação ocorrerá no IV COJEALTO, o endereço para os interessados segue abaixo:

DATA: 03/04/2010 (sábado)
LOCAL – Escola CAIC
Rua Francisco Ferreira de Resende, 333
Bairro São João - na cidade de Conselheiro Lafaiete/MG
Horário: 13:oo horas

Contato para apresentações: almanova@ig.com.br

26 março 2010

Dança...

“É um trabalho que envolve educação, aspectos terapêuticos, arte, saúde e espiritualidade. É educacional, pois propõe o aprendizado de um novo olhar e uma nova postura; é terapêutico, pois leva ao conhecimento de nós mesmos, abrindo novas possibilidades de relacionar-nos com o mundo e conosco. É arte, já que nos leva à possibilidade de nos liberarmos de nossas mecanicidades e repetições, a termos atitudes criativas e ações criadoras, permitindo o encontro com o artista que temos em nós. É saúde, pois recobra o aspecto humano criador é uma das formas máximas de cura. Finalmente, entendendo saúde como a conexão com a inteireza, a presença e a consciência de pertencer ao todo, é, em última instância, um trabalho espiritual.”

(ROBIN, Michel – 2004:13, Tornando-se Dançarino)

23 março 2010

Chico Xavier - Exemplo vivo em todos os sentidos

Chico, De Francisco

Queria viver no sossêgo,

Não porque tivesse medo,

Era apenas alguém simples.

Não queria a publicidade,

Bastaria a ele a cidade

Onde nasceu, sem requintes.



Relutou em dar entrevistas

Fugindo dos jornalistas

Que astustos lhe buscavam.

Recomenda-lhe o Guia

Que atendê-los, teria,

Para não decepiconá-los.



Mas atravessou a existência

Sem ver em si preferências

Ou qualquer distinção dos outros.

…Assim são os que se projetam

Não sonham, nem arquitetam

Sucesso, brilho e louros…



Por isso, artista amigo,

Abrace seu compromisso

Sem preocupações demasiadas.

Entregando-nos à fidelidade

Fugindo à vaidade

Muito mais coisas nos são “dadas”.



Quem diria que aquele menino

Nascido num estábulo pequenino

O MESTRE seria da humanidade?

Não se preocupava com números

SEU EXEMPLO que foi hercúleo

Foi a SUA PUBLICIDADE.



Acima de tudo o artista

Que se defina como espírita

Terá muita responsabilidade.

Ao escrever, ao cantar,

Ao conviver, trabalhar…

Mostrará sua intimidade.



Às grandes tarefas, grandes almas,

Que não se entregm pelas palmas,

Mas pelo amor e o sacrifício.

Em tudo são observados,

Nada fazem “desligados”,

Seu caminho é bem difícil.



Estamos nós a caminho,

Mas somos quase meninos,

Diante destes gigantes.

Façamos a nossa parte,

Com alegria, com Arte,

Sem a presunção alienante.



Cada qual no seu cantinho,

No seu grupo ou sozinho,

Pode semear a mancheias.

Melhorando a própria vida

Agindo com amor no dia a dia,

Teremos o aplauso da consciência !!!



JAIME TOGORES - SANTOS – SP
Fonte: Lista de Discussão – Fórum ABRARTE


16 março 2010

Grupo Espírita de Dança Iluminar

A partir de hoje, o Grupo Espírita de Dança Iluminar, de Ribeirão das Neves/MG inaugura a página do grupo.




O objetivo é compartilhar experiências com simpatizantes e amigos da dança espírita, além de motivar a criação de outros grupos de dança dentro do meio espírita.



Apesar da data de criação do grupo não ser bem definida, pois as atividades com a dança, envolvendo seus primeiros integrantes começaram ainda na infância, o grupo começou a se encontrar regularmente e recebeu o nome ILUMINAR em Setembro de 2008.



A história do grupo é muito interessante e pode ser conferida no Blog do próprio grupo:



http://grupoiluminar.wordpress.com/



Além disso, a partir de agora, contato para apresentações, bem como fotos e vídeos ficarão disponíveis para todos que quiserem desfrutar um pouquinho do trabalho realizado pelo grupo.



08 março 2010

A DANÇA NA CASA ESPÍRITA: BUSCANDO CAMINHOS POSSÍVEIS

Daniela Luciana Pereira Soares



“O lugar da dança é nas casas, nas ruas, na vida.”
                                                     Maurice Béjart



1.CONSIDERAÇÕES INICIAIS



Há um tempo atrás, falar em dança na casa espírita, com certeza provocaria certa estranheza. Hoje em dia, sua presença está se tornando gradativamente mais comum e, penso particularmente, que num futuro não muito distante, nossos textos fazendo referência ao preconceito e as dificuldades iniciais na sua difusão dentro da casa espírita é que causarão certo espanto nos confrades espíritas.



Atualmente, a dança aparece nos cenários espíritas junto a performances teatrais ou musicais ou em grupos constituídos especificamente para trabalharem com essa linguagem artística – os chamados grupos espíritas de dança[1].



Dentre os grupos que conhecemos, muitos já contam com um pouco mais de uma década, mas a grande maioria vem de iniciativas recentes. Dessa forma, a base teórica e filosófica que sustenta o trabalho dos grupos ainda está sendo construída e refletida pelos mesmos. Embora saibamos que independente de termos consciência ou não, o nosso trabalho sempre reflete uma ideologia, uma maneira de pensar e a dança espírita não fuja disso, acreditamos que suas bases ainda estão criando raízes, através da troca de experiência entre os grupos e das reflexões buscadas nos grupos de discussão, bem como nos encontros voltados ao estudo da arte espírita e nas mostras espíritas de dança.



A finalidade do presente artigo é refletir sobre os objetivos da dança na casa espírita e os diferentes papéis possíveis de serem exercidos por ela no seio da comunidade espírita. Faremos isso, através de um estudo de caso, tendo por companhia autores da Doutrina Espírita. Usaremos como material de análise, as experiências vivenciadas no Grupo Espírita de Dança Evolução[2] no período de 1995 a 2004, período em que tivemos na coordenação do grupo.



Não temos a pretensão de lançar definições, apenas levantar pontos a serem refletidos, baseados na nossa experiência particular. Acreditamos que a reflexão sobre a prática vivenciada nos grupos, alicerçada no estudo da doutrina espírita deve ser uma constante, para que o trabalho não se perca na práxis e se traduza num pensar, agir e sentir coerentes.



1.1 ENCONTRANDO UMA DIREÇÃO



O Grupo Espírita de Dança Evolução foi criado em Dezembro de 1995 no Instituto de Difusão Espírita, quando um grupo de jovens da mocidade, atendendo a um pedido do coordenador da Evangelização Espírita Infantil se uniu para criar uma coreografia sobre o tema Evolução. Até então, nenhum dos jovens havia tido contado com a dança nem dentro nem fora da casa espírita, somente uma jovem tinha formação em dança e posteriormente passou a coordenar o grupo. Com a apresentação dessa primeira coreografia, o grupo se constituiu como grupo espírita de dança e nunca mais parou. É aí que começa uma história, pano de fundo para nossa análise, construída desde a base por cada um de seus integrantes.



No início do grupo, a idéia que tínhamos sobre os objetivos da dança na casa espírita, pairava sobre a divulgação do espiritismo. Com o tempo, passamos a participar de encontros de arte espírita, voltados ao estudo e a reflexão e fomos construindo uma nova visão de arte. Somado a isso, o Departamento de Evangelização do Instituto de Difusão Espírita, oferecia anualmente um Curso de Formação de Evangelizadores[3], no qual o papel da arte era muito valorizado, e se fundamentava na melhoria interior e na interação com a espiritualidade maior. Isso contribuiu para que constantemente nos questionássemos sobre a finalidade da dança na casa espírita e fôssemos buscar respostas.



“… A arte não é apenas uma forma de expressão, mas acima de tudo, uma forma de crescimento interior, de desenvolvimento das potências da alma. Pode-se tornar um ótimo elemento de integração vertical, auxiliando o Espírito a vibrar em sintonia mais elevada, afinando seus sentimentos estéticos e sintonizando com as esferas elevadas da vida, com vibrações sutis, com o amor que se amplia e se expande ao infinito.” (Alves, 2000, p.192)







Essas experiências foram fundamentais, para que posteriormente viéssemos a definir com clareza os objetivos do nosso grupo. Mas o que é objetivo?



Procurando auxílio no dicionário, encontramos as seguintes definições:



Objetivo: Fim. Objeto que se quer atingir.



Objeto: Coisa. Motivo. Finalidade.



Finalidade: fim a que se destina uma coisa; objetivo; alvo.



O objetivo é a bússola norteadora de qualquer trabalho, como vimos acima, o alvo que se quer atingir. Se não sabemos claramente aonde queremos chegar, não chegaremos a lugar algum ou andaremos qual barco sem rumo ora se dirigindo a uma direção, ora a outra, seguindo a livre vontade do vento.



Como disse anteriormente, a partir de várias vivências que nos fizeram refletir sobre os objetivos da dança na casa espírita e estudando obras da codificação referente à arte, elegemos como objetivo primeiro do grupo a reforma íntima.







“O objetivo essencial da arte, já dissemos, é a busca e a realização da beleza; é ao mesmo tempo, a busca de Deus, uma vez que Deus é a fonte primeira e a realização perfeita da beleza física e moral. Quanto mais a inteligência se purifica, se aperfeiçoa e se eleva, mais se impregna da idéia do belo. O objetivo essencial da evolução será, portanto, a busca e a conquista da beleza, a fim de realizá-la no ser e em suas obras. Tal é a regra da alma em sua ascensão infinita.” (Denis, 1994, p.9)



A interpretação pessoal que fazemos do trecho acima do livro “O Espiritismo na Arte” de Léon Denis, é que o objetivo essencial da arte repousa na melhoria íntima. Quando ele afirma que “o objetivo essencial da evolução será, portanto, a busca e a conquista da beleza, a fim de realizá-la no ser e em suas obras”, entendemos que a realização da beleza no ser, não pode estar senão voltada para a melhoria interior, para a reforma íntima, visto que o corpo físico é perecível e só o espírito é eterno. Da mesma forma quando se refere à realização da beleza “em suas obras”. Nossas obras são o reflexo do que somos, e só refletirão a beleza à medida que esta cumprir-se em nós.



“Isto porque, para conceber, para produzir obras geniais, capazes de elevar as inteligências até o máximo do pensamento, até o ideal de beleza perfeita, é necessário primeiramente criar-se a si mesmo, edificar sua própria personalidade e torna-la suscetível de provar, de compreender os esplendores da vida superior e a harmonia eterna do mundo. Que forças, que luzes, que consolações, que esperanças podemos passar às outras almas se não temos em nós próprios senão obscuridade, dúvida, incerteza e fraqueza? (Denis, 1994, p. 87)



O trabalho do Grupo Espírita de Dança Evolução se desdobrava em vários grupos divididos por faixa etária, para facilitar o trabalho com a técnica de dança e os interesses e necessidades de cada idade. Nesta época, o grupo já contava com vários integrantes-professores, que ministravam aulas de dança nestes grupos. A existência de um objetivo comum, claro para todos os integrantes, possibilitava um trabalho em uníssono, sem notas dissonantes aqui ou acolá. Também servia de alerta constante, para que buscássemos em nossas coreografias o reflexo desse ideal, nos afastando do culto a vaidade e ao orgulho ainda tão presentes em nós.



Acreditamos que a “reforma íntima” resume em si muitos dos objetivos que possamos traçar para a arte na casa espírita. À medida que nos esforçamos em nossa melhoria interior, vamos gradualmente sintonizando com vibrações de teor mais elevado, despertando o potencial divino, latente em nós. Segundo ALVES (2000), o sentimento corresponde a estado vibratório que se amplia e se desenvolve. À medida em que se emite vibrações, sintoniza com vibrações de teor semelhante, e mais se desenvolve. Além disso, afirma que:



“Existem estados vibratórios ou sentimentos que o intelecto apenas, por si só, não atinge. Energias espirituais superiores vibram em nível superior e para senti-las é preciso entrar em sintonia. Apenas com a razão, com o intelecto, não conseguiremos elevar nosso padrão vibratório para sentir tais vibrações sutis. A arte, contudo, nos permite atingir esses estados superiores, elevando nossa vibração.” (Alves, 2000, p.193).



Tendo a reforma íntima por fim do grupo espírita de dança, o objetivo da apresentação coreográfica passa a ser o “doar-se”. A apresentação ganha um novo sentido, que vai além da demonstração técnica, da divulgação da doutrina, mas atinge o campo da vibração, a ação sem palavras, o diálogo de alma para alma.



Isso que nos moveu a realizar uma apresentação na Clínica Psiquiátrica Antônio Luiz Sayão, em Araras/SP. Todos estávamos cientes, de que os espíritos encarnados que ali se encontravam em corpos mutilados, desequilibrados mentalmente, não receberiam nossa mensagem pelos sentidos comuns, mas pela energia, pela vibração, pelo contato espírito a espírito que a arte ali estabeleceria.



A transmissão do conteúdo espírita-cristão também é elemento importante, mas não um fim em si mesmo. A maior propaganda que podemos fazer da Doutrina Espírita é nossa própria modificação. De que adianta nos aplicarmos fervorosamente na difusão do espiritismo através da arte, se não nos aplicarmos a vivenciá-lo em nós mesmos. É claro que a Doutrina Espírita estará presente como temática central nas coreografias dos grupos espíritas de dança, mas como já afirmamos em textos anteriores, sua força pousará na transformação moral já alcançada. Fácil é ludibriarmos sobre nossa verdadeira moradia espiritual através das aparências da carne, mas difícil é escondermos a vibração que emanamos, campo em que as máscaras caem e as transparências revelam.



2.2. CAMINHOS E POSSIBILIDADES



“Nenhum caminho é igual a outro não há rima perfeita nem em versos alexandrinos,mas todos os sonhos são voláteis às seis da manhã.”



Simão de Miranda



A dança na casa espírita se desdobra em inúmeras possibilidades, como as demais linguagens artísticas – música, teatro, literatura, artes plásticas. Da criança ao idoso ela propicia uma gama de vivências significativas, seja no aspecto educativo, terapêutico, social e espiritual, sem contar os benefícios físicos e psíquicos proporcionados por ela.



Segundo NANNI (1995), na Grécia a dança constituía parte fundamental da educação; realizada de várias formas, era empregada a partir de cinco anos até o limiar da velhice.



Entre as civilizações primitivas, vemo-la ligada aos rituais, ao êxtase, como elemento de ligação com o divino. Em diferentes períodos da humanidade podemos ver essa relação que ela estabelece com a religiosidade, ora intensificando-a, ora se desligando quase por completo, refletindo o pensar, o sentir, o querer de um povo, de uma época.



Iluminada pelo conhecimento espírita, mostra-se como elemento de ligação com Deus, de sensibilização, de estímulo à capacidade criativa, de elevação de padrões vibratórios, dentre tantos outros.



A dança, a arte de forma geral, é sem dúvida elemento valioso dentro da casa espírita, que se bem utilizado, canalizará energias para o bem e belo, propiciando elevação e renovação.



“Não há dúvida de que a arte produz fortes estímulos a fortalecer e impulsionar nossas energias para o bem e para o belo, despertando nossas energias superiores, trabalhando nossa vontade, nosso querer para o melhor, para o belo, para o nobre, para o superior. Ao mesmo tempo a arte permite oferecer oportunidade de experiências variadas atendendo às tendências e aptidões individuais. A música, a dança, o teatro, as artes plásticas, a literatura, formam ambiente de nível superior a tonificar o Espírito, alimentando suas tendências para o melhor e estimulando as regiões superiores da alma, o germe da perfeição, a essência divina que se desenvolve gradativamente em todos nós.” (Alves, p.47)



No campo da evangelização espírita infantil direcionará a vontade a ideais superiores, será veículo de educação do sentimento, despertará o potencial criativo. A dança vem de encontro com a necessidade de movimento e expressão da criança, educativa por excelência, poderá estar presente como estratégia metodológica para se aprender um conteúdo, de forma ativa e construtiva ou como oficina em um horário a parte da evangelização, propiciando vivências estéticas que se refletirão em toda a vida da criança.







“Deixai que as crianças bebam nas fontes mais puras da Arte terrestre… Que elas possam exercitar a sua sensibilidade, ouvindo as melodias mais doces jamais feitas; olhando as cores e as luzes mais sutis já tecidas; declamando os poemas mais elevados jamais compostos; sentindo as produções mais próximas da divindade que o homem já atingiu. Fazei isso com todas elas e se não tiverdes no futuro todos os homens literalmente artistas, tê-lo-eis moralmente melhores e mais criativos.” (Schiller, mensagem psicografada, médium Dora Incontri, in: A Educação Segundo o Espiritismo, p. 215)



Dentro da experiência vivenciada no Grupo Espírita de Dança Evolução, a oficina de dança era realizada em um horário a parte do horário da evangelização, embora também estivesse presente nas aulas e em comemorações realizadas pelos evangelizadores, e reunia crianças que tinham interesse pela dança[4]. O trabalho da oficina de dança, que ocorria semanalmente e em horários pré-estabelecidos, consistia no aprendizado de técnicas específicas de dança e vivências de improvisação e criação livre, que também abrangiam temas que as crianças estavam estudando na evangelização. O ápice do processo ocorria na criação e apresentação de coreografias a partir dos temas estudados, o que também servia de estímulo ao trabalho do grupo, que se submetia a treinos e ensaios que exigiam muita disciplina, persistência e força de vontade.



Além do campo da evangelização infantil e da mocidade espírita, a dança oferece ao adulto e ao idoso as mesmas oportunidades de expressão e crescimento, alcançando também, níveis terapêuticos. María Fux, bailarina argentina e criadora da dançaterapia[5] nos diz que a necessidade do adulto expressar-se através de seu corpo é uma necessidade imperiosa, pois com o passar dos anos, o adulto, especialmente, restringe seus limites corporais e psicológicos. Afirma ainda, que somente arrancando e desenvolvendo as possibilidades internas e físicas que temos, é que podemos equilibrar-nos.



“Creio que a dança e o movimento, encarado no criativo que todos temos, ajudam a uma profilaxia terapêutica que deveríamos realizar diariamente.”



“O movimento e a possibilidade de estimulá-lo com a música, a palavra ou o silêncio, revela no espaço a psicologia profunda do indivíduo. Isto se obtém melhorando as possibilidades existentes, desenvolvendo outras e, fundamentalmente, fazendo sentir ao grupo a possibilidade criadora que há dentro de cada um de seus integrantes: deste modo é possível desenvolver não só a parte física, mas também a psíquica, estimulando-os a um reencontro que produz descarga e alegria.” (Fux, 1983, p.115)



Grupo Espírita de Dança Evolução Adulto apresentando-se durante a III Mostra Espírita de Dança



A primeira experiência com adultos e idosos no Grupo Espírita de Dança Evolução, surgiu da necessidade de envolvermos mais a casa espírita e os pais dos integrantes do grupo na vivência artística, no nosso caso, a dança.



O trabalho do grupo era intenso, ensaios em finais de semana e feriados, muitas apresentações e viagens, enfim, uma proposta que exigia muita dedicação e envolvimento, nem sempre compreendida por aqueles que olhavam de fora. Embora o apoio que recebíamos da casa espírita que nos acolhia, sentíamos a necessidade da arte ser vista com a mesma dimensão das outras atividades da casa. Então, partindo da premissa que se a dança nos trazia tantos benefícios físicos como espirituais, também o faria aos demais companheiros da casa, não importando a idade cronológica, iniciamos o grupo adulto.



As aulas eram realizadas semanalmente e em horário pré-estabelecido e, como citamos nos grupos anteriores, compreendiam também vivências de diferentes técnicas de dança e improvisação. O pequeno grupo, formado inicialmente, chamou a atenção de outros trabalhadores da casa, e mais companheiros vieram espontaneamente se juntar à nova experiência. Ao propormos uma apresentação, como resultado do trabalho e das vivências do grupo, num primeiro momento, mostraram-se resistentes, mas a resistência inicial foi cedendo lugar à alegria, ao entusiasmo e a um envolvimento cada vez maior.



Para exemplo e admiração de todos, uma das senhoras mais idosas da casa, foi uma das primeiras a integrar o grupo, ensinando-nos a todos, que os limites estão mais na mente que no corpo, e que a dança, vivenciada em sua totalidade, não impõe limites, senão aqueles que nós próprios nos impomos.



3. CONSIDERAÇÕES FINAIS



Nossas limitações ainda não nos permitem divisar toda a dimensão da dança na vida humana e além dela. Aqui, apresentamos um pouco da nossa experiência e das nossas reflexões particulares no campo da dança na casa espírita.



Os caminhos são muitos. Cada experiência é única e muito particular.



Não existe caminho certo, nem receitas a serem seguidas. A experiência se constrói dentro do contexto em que está inserida e das relações que estabelece com cada indivíduo envolvido, em determinada época e lugar. Com toda a certeza, as experiências vivenciadas no Grupo Espírita de Dança Evolução, no período de 1995 a 2004 serão diferentes das atuais e estas, diferentes das porvindouras. Cada experiência é singular, sem parâmetros para comparações, mas significativa e transformadora, para cada um, dentro do seu universo particular.



Desejamos, que o nosso relato contribua de alguma forma, com o trabalho dos diferentes grupos, não como modelo a ser seguido, mas como pequenina semente, que levada pelo vento, dê origem a novas vivências de transformação e alegria.



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:



ALVES, Walter Oliveira. Introdução ao Estudo da Pedagogia Espírita: Teoria e Prática. 1ª edição. Araras/São Paulo: Instituto de Difusão Espírita, 2000.



ALVES, Walter Oliveira. Prática Pedagógica na Evangelização: Conteúdo e Metodologia. 1ª edição. Araras/São Paulo: Instituto de Difusão Espírita, 1998.



DENNIS, Leon. O Espiritismo na arte. 2ª ed. Rio de Janeiro: Publicações Lachâtre, 1994.



FUX, María. Dança, experiência de vida. 3ª ed. São Paulo: Summus, 1983.



INCONTRI, Dora. A Educação segundo o Espiritismo. 1ª ed. São Paulo: FEESP, 1997.



NANNI, Dionísia. Dança Educação: Pré-escola à Universidade. Rio de Janeiro: Sprint, 1995.



ROCHA, Ruth. Minidicionário. São Paulo: Scipione, 1995.



O que é dançaterapia. Disponível em:



http://www.dancaterapia.com.br/





--------------------------------------------------------------------------------

[1] Entendemos aqui, por grupo espírita de dança, um conjunto de pessoas, seja jovens, adultos ou crianças que se reúnem regularmente para aprimorarem técnicas de dança, estudarem e montarem coreografias à luz do espiritismo, bem como realizarem apresentações.



[2] Grupo criado em Dezembro de 1995 no Instituto de Difusão Espírita em Araras/São Paulo, que desenvolveu um trabalho de dança à luz do Espiritismo envolvendo crianças, jovens, adultos, idosos e portadores de necessidades educativas especiais. O trabalho do grupo culminou com a criação da I Mostra Espírita de Dança “Oficina do Espírito” em Outubro de 2001. O grupo atua até hoje.



[3] O Curso de Evangelizadores é oferecido anualmente no Instituto de Difusão Espírita – Araras/SP no período do carnaval e conta com oficinas artísticas de dança, música, teatro, artes plásticas e literatura.



[4] O Departamento de Evangelização do Instituto de Difusão Espírita oferecia várias oficinas artísticas (dança, música, teatro, artes plásticas e literatura) em horários a parte da evangelização. As crianças tinham liberdade de optar pela oficina que mais lhe despertasse o interesse. Muitas crianças faziam mais de uma oficina.



[5] Dançaterapia é uma abordagem corporal, voltada ao conhecimento pessoal que estimula o movimento criativo e a espontaneidade do corpo, motivando a comunicação e a integração entre as pessoas, procurando oferecer-lhes confiança para transformar o eu não posso por uma nova atitude do corpo que diz: Sim, eu Sou Capaz. Fundamentada na metodologia criada pela bailarina argentina María Fux e na transpessoalidade, a Dançaterapia busca utilizar os recursos artísticos, educacionais e terapêuticos da dança para encontrar as pessoas e auxiliá-las a descobrir caminhos, superar os desafios e viver mais felizes.

04 março 2010

O que é Arte Espírita?

Tomo por empréstimo o título e algumas idéias do polêmico e desconhecido ensaio O que é arte?, de Léon Tolstoi, para propor uma reflexão sobre a não menos controversa e ignorada arte espírita. O ensaio é polêmico pela forma pouco convencional de tratar o tema, conservador em certos aspectos e demolidor em outros. Mas, numa sociedade alheia à prática de refletir e saturada por produtos ditos artísticos, pouquíssimas pessoas se sentem curiosas por um convite como o de Tolstoi, para debater a natureza da arte. Já a arte espírita é controversa pela variedade de pontos de vista defendidos por aqueles que a produzem. Eles dividem-se, grosso modo, entre a necessidade de fazer uma arte “direta”, difusora clara do espiritismo, e a preferência por levar “indiretamente” a mensagem espírita ao público. O problema é que, mesmo entre os espíritas, quase ninguém conhece essa arte.



E por que ela é ignorada? Por que, mesmo diante da missão auto-imposta por muitos desses artistas de usar a arte como meio de divulgação do espiritismo, a arte espírita permanece no anonimato? Existem notórias razões de natureza cultural, técnica e financeira para isso. Mas não vou me deter nelas. São questões que demandam mudanças de mentalidade em todo o movimento espírita. E acredito que este aqui seja o espaço ideal para tratar de aspectos mais essenciais do problema. Deficiências cuja superação cabe, antes de tudo, ao próprio artista espírita. É o caso do que poderíamos denominar falta de uma concepção clara sobre o que seja arte. Uma discussão que se vincula diretamente ao debate levantado por Tolstoi que trago para cá .



O pressuposto é simples: fazemos, e incluo-me nisso, música, teatro, poesia, dança. Somos espíritas e queremos colocar o espiritismo naquilo que produzimos. Ao abordar, “direta” ou “indiretamente”, temas espíritas em nossas obras, consideramo-las arte espírita. E eis onde termina nossa reflexão sobre o tema. Não nego o caráter propagador que poemas, espetáculos e canções possam assumir em benefício do espiritismo. O problema começa quando o principal objetivo desses trabalhos é divulgar idéias, princípios e conceitos. Quando o que era pra ser arte nasce do mesmo impulso racional que poderia originar artigos, livros e palestras. Aí podemos sim ter poemas, espetáculos e canções. Só não teremos arte. A esse respeito, dirá Tolstoi:



Tal como a palavra, transmitindo os pensamentos e experiências dos homens, serve para unir as pessoas, a arte serve exatamente da mesma forma. A peculiaridade desse meio de comunhão (...) é que pela palavra um homem transmite seus pensamentos a outro, enquanto que com a arte as pessoas transmitem seus sentimentos umas às outras



Para além da tradicional associação entre arte e beleza, o filósofo russo defende que só há arte quando algum sentimento se soma ao desejo sincero de compartilhar. Na medida em que nasce de sentimentos e a eles conduz, a arte teria um papel determinante nas transformações morais por que passou até hoje a humanidade. A verdadeira obra de arte funcionaria, assim, como meio por excelência de comunhão entre todos os que já passaram por este mundo.



(..) A arte é sim um meio de intercâmbio humano, necessário para a vida e para o movimento em direção ao bem de cada homem e da humanidade, unindo-os em um mesmo sentimento (...) Assim, a capacidade humana de contagiar-se pelos sentimentos de outras pessoas por meio da arte, proporciona ao homem acesso a tudo que a humanidade experimentou antes dele no domínio do sentimento e aos sentimento vivenciados por seus contemporâneos...



Diante disso, a pergunta necessária é: a técnica artística utilizada pelos espíritas tem dado origem a obras de arte? Para fazer música, basta saber jogar com melodia, harmonia e ritmo (a letra é um elemento opcional, mas muito valorizado na música religiosa). Para fazer poesia, métrica, rima e ritmo dão conta do recado. O teatro exige ator, platéia e uma idéia, enquanto a dança demanda corpo e ritmo. Qualquer um pode executar com maestria esses ofícios, desde que resolva se dedicar com afinco ao estudo e à prática deles. É uma simples questão de exercício, prático e intelectual.



Mas há uma enorme distância entre ser músico, poeta, ator ou dançarino e ser artista. Pessoas que dominam essas atividades essencialmente técnicas podem produzir e executar inúmeros trabalhos movidos pelo desejo de vender idéias, ganhar dinheiro ou chocar pessoas, sem que haja um único sentimento sincero por trás dessa iniciativa. Conseguem produzir beleza, mas nem sempre arte. Do mesmo modo, homens e mulheres sem a menor noção teórica podem produzir autênticas obras de arte. Basta darem vazão ao que sentem através de sons, gestos, formas e traços compreensíveis para sensibilizar e até emocionar outras pessoas. Sua arte sincera toca, independente da preocupação estética.



De modo geral, os trabalhos que se propõem a ser arte espírita não pecam por falta de conteúdo. O equívoco parece estar (e aqui, mais uma vez, incluo minha própria produção poética e dramatúrgica) na natureza desse conteúdo. Em lugar de um sentimento sincero, humano e, por isso mesmo, universal que o autor deseje compartilhar, há idéias e crenças particulares que ele quer divulgar. Diante da vontade de fazer um trabalho que propague o espiritismo, escrevemos e compomos obras que desenvolvam conceitos espíritas. É uma peça sobre reencarnação, uma tela sobre mediunidade, um poema sobre pluralidade dos mundos habitados... Mesmo uma música sobre caridade ou uma dança sobre humildade podem carecer de substância artística quando o desejo de pregar uma verdade espírita se sobrepõe à existência de um sentimento genuíno que o autor queira dividir. E não é nada difícil perceber quando é a razão que está no impulso criador de uma obra...



Estaria aí uma condenação ao propalado objetivo de divulgação doutrinária que se atribui à arte espírita? Não exatamente. Se a proposta é fazer arte, deixemos de lado o ímpeto pregador de “verdades espirituais” e assumamos o desejo de compartilhar nossos sentimentos mais autênticos e humanos. Desde que nasçam genuinamente da vivência espírita, tudo o que produzirem será mais arrebatador para divulgar o espiritismo do que o panfletarismo raciocinado. Só assim haverá uma Arte Espírita, contagiante, envolvente, capaz de sensibilizar o ser humano, independente de suas crenças, e de abrir, como pretendia Kardec, um novo capítulo na história da humanidade .



por Romário Fernandes -Espírito de Arte

Belo Horizonte/MG

















03 março 2010

Estão abertas as inscrições para o 7° Fórum e para a 1ª Mostra Abrarte Sul.



Na última sexta-feira, 1° de janeiro, iniciaram-se as inscrições para o 7° Fórum Nacional de Arte Espírita, que vai acontecer em Pedro Leopoldo, de 3 a 6 de junho de 2010. A inscrição será feita através do site da Abrarte e terá valores diferenciados, de acordo com a data em que for realizada, conforme segue:



De 1° de janeiro a 16 de março/10: R$ 65,00 para não associados e R$ 50,00 para associados em dia com a tesouraria.



De 17 de março a 16 de abril/10: R$ 80,00 para não associados e R$ R$ 65,00 para associados em dia com a tesouraria.



O Fórum Nacional de Arte Espírita é um evento promovido pela Associação Brasileira de Artistas Espíritas que reúne associados e lideranças do movimento artístico espírita nacional. É realizado anualmente, no feriado de Corpus Christi. Durante o Fórum acontecem centros de interesse, grupos de trabalho, apresentações artísticas além da assembleia geral de associados da Abrarte. Neste ano, em virtude da comemoração do centenário de nascimento de Francisco Cândido Xavier, estão programadas algumas atividades especiais, como o lançamento da Semana Nacional de Arte Espírita, que vai acontecer em outubro de 2010.



Também está previsto para começar no próximo dia 1° as inscrições para a 1ª Mostra Abrarte Sul. O evento ainda está em fase de definições, mas há uma grande possibilidade de acontecer na cidade de Curitiba. Mais detalhes sobre a Mostra Abrarte Sul .
visite http://www.abrarte.org.br/.

Arte e Mediunidade

Weimar Muniz de Oliveira

“Materializar o espiritual até fazê-lo palpável; espiritualizar o material até torná-lo invisível, eis todo o segredo da arte.” (Jacinto Benavente – “La Moral em El Teatro”)


Repensando o tema – Arte Universal, é forçoso ponderar que se pode fazer um paralelo perfeito entre Arte e Mediunidade, atrevendo-nos a afirmar:
Assim como todas as criaturas são médiuns, em potencial e de todas as modalidades, todas as pessoas são artistas, em maior ou menor grau, e em todos os aspectos.
O desabrochar espontâneo, tanto da Arte quanto da Mediunidade, é conquista arquimilenar do ser humano, ou seja, é o resultado da aquisição de hipersensibilidade, independente do fator moral.
Daí os exemplos históricos de grandes artistas e médiuns que nem sempre se colocaram à altura de seus feitos.
Daí, ainda, porque o Bem e o Belo representam o alfa e o ômega da verdadeira Arte, da Arte Universal.
O belo haverá, doravante, na Terra, de auxiliar, decisivamente, na construção de um mundo melhor.
O belo haverá de ser o Belo e o Bem, simultaneamente.
Um e outro se completam.
O Bem sem o Belo retiraria um dos ornamentos do homem, usurpar-lhe-ia uma das potências de seu caráter, ao longo de sua trajetória evolutiva.
Mas o Belo e o Bem, em admirável simbiose, através dos evos, torná-lo-ão integral e feliz.
Como exemplo do Belo (forma e musicalidade) e do Bem (conteúdo e sensibilidade), ao mesmo tempo, tem-se aqui, dois sonetos, do mesmo autor, Antero de Quental, escritor e poeta português (1842-1891), sendo o primeiro escrito durante sua última existência terrena e o segundo através da psicografia de Francisco Cândido Xavier.

À Virgem Santíssima

“Num sonho todo feito de incerteza,
De noturna e indizível ansiedade,
É que eu vi teu olhar de piedade
E (mais que piedade) de tristeza...

Não era o vulgar brilho da beleza,
Nem o ardor banal da mocidade...
Era outra luz, era outra suavidade
Que até nem sei se as há na natureza...

Um místico sofrer... uma ventura
Feita só de perdão, só de ternura
E da paz da nossa hora derradeira
Ó visão, triste e piedosa!
Fita-me assim calada, assim chorosa...
E deixa-me sonhar a vida inteira!”

(Antologia NOVOS CLÁSSICOS, Agir Editora: Rio 4ª ed. p.43)


Deus

“Quem, senão Deus, criou obra tamanha,
O espaço e o tempo, as amplidões e as eras,
Onde se agitam turbilhões de esferas,
Que a luz, a excelsa luz, aquece e banha?

Quem, senão ELE fez a esfinge estranha
No segredo inviolável das moneras,
No coração dos homens e das feras,
NO coração do mar e da montanha?!

Deus!... somente o Eterno, o Impenetrável
Poderia criar o imensurável
E o Universo infinito criaria!

Suprema paz intérmina piedade,
E que habita na eterna claridade
Das torrentes da Luz e da Harmonia!”

(PARNASO DE ALÉM TÚMULO, FEB, 10 ed., p.95)

Fonte: OLIVEIRA, Weimar Muniz. Renascimento da Arte: à luz da terceira revelação. 1ª ed. FEEGO: Goiás, 1995.