03 março 2010

Arte e Mediunidade

Weimar Muniz de Oliveira

“Materializar o espiritual até fazê-lo palpável; espiritualizar o material até torná-lo invisível, eis todo o segredo da arte.” (Jacinto Benavente – “La Moral em El Teatro”)


Repensando o tema – Arte Universal, é forçoso ponderar que se pode fazer um paralelo perfeito entre Arte e Mediunidade, atrevendo-nos a afirmar:
Assim como todas as criaturas são médiuns, em potencial e de todas as modalidades, todas as pessoas são artistas, em maior ou menor grau, e em todos os aspectos.
O desabrochar espontâneo, tanto da Arte quanto da Mediunidade, é conquista arquimilenar do ser humano, ou seja, é o resultado da aquisição de hipersensibilidade, independente do fator moral.
Daí os exemplos históricos de grandes artistas e médiuns que nem sempre se colocaram à altura de seus feitos.
Daí, ainda, porque o Bem e o Belo representam o alfa e o ômega da verdadeira Arte, da Arte Universal.
O belo haverá, doravante, na Terra, de auxiliar, decisivamente, na construção de um mundo melhor.
O belo haverá de ser o Belo e o Bem, simultaneamente.
Um e outro se completam.
O Bem sem o Belo retiraria um dos ornamentos do homem, usurpar-lhe-ia uma das potências de seu caráter, ao longo de sua trajetória evolutiva.
Mas o Belo e o Bem, em admirável simbiose, através dos evos, torná-lo-ão integral e feliz.
Como exemplo do Belo (forma e musicalidade) e do Bem (conteúdo e sensibilidade), ao mesmo tempo, tem-se aqui, dois sonetos, do mesmo autor, Antero de Quental, escritor e poeta português (1842-1891), sendo o primeiro escrito durante sua última existência terrena e o segundo através da psicografia de Francisco Cândido Xavier.

À Virgem Santíssima

“Num sonho todo feito de incerteza,
De noturna e indizível ansiedade,
É que eu vi teu olhar de piedade
E (mais que piedade) de tristeza...

Não era o vulgar brilho da beleza,
Nem o ardor banal da mocidade...
Era outra luz, era outra suavidade
Que até nem sei se as há na natureza...

Um místico sofrer... uma ventura
Feita só de perdão, só de ternura
E da paz da nossa hora derradeira
Ó visão, triste e piedosa!
Fita-me assim calada, assim chorosa...
E deixa-me sonhar a vida inteira!”

(Antologia NOVOS CLÁSSICOS, Agir Editora: Rio 4ª ed. p.43)


Deus

“Quem, senão Deus, criou obra tamanha,
O espaço e o tempo, as amplidões e as eras,
Onde se agitam turbilhões de esferas,
Que a luz, a excelsa luz, aquece e banha?

Quem, senão ELE fez a esfinge estranha
No segredo inviolável das moneras,
No coração dos homens e das feras,
NO coração do mar e da montanha?!

Deus!... somente o Eterno, o Impenetrável
Poderia criar o imensurável
E o Universo infinito criaria!

Suprema paz intérmina piedade,
E que habita na eterna claridade
Das torrentes da Luz e da Harmonia!”

(PARNASO DE ALÉM TÚMULO, FEB, 10 ed., p.95)

Fonte: OLIVEIRA, Weimar Muniz. Renascimento da Arte: à luz da terceira revelação. 1ª ed. FEEGO: Goiás, 1995.

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