05 agosto 2010

A Arte na Educação

Por Walter Oliveira Alves

Sendo educação o desenvolvimento gradual e progressivo das potências do Espírito, podemos


afirmar que a arte é um processo pedagógico que busca a integração entre o pensar o sentir

e o agir.

Filhos de Deus-Criador, todos, crianças, jovens e adultos, somos criadores por excelência.

A arte é um dos mais valiosos canais de expressão, seja na música, teatro, dança, literatura,

artes plásticas, etc.

Atua no aspecto cognitivo, afetivo e volitivo. Estimula a criatividade, a expressão, o senso

estético, a sensibilidade, a cooperação e cria um campo vibratório de elevado teor entre o grupo

e se irradia pelos assistentes, induzindo as almas a vibrarem na mesma sintonia, no mesmo

padrão elevado.

A arte, em suas diferentes manifestações vai mais longe do que a razão, adentrando nos

canais sutis do sentimento e da emoção.

Desperta qualidades interiores e sintoniza com vibrações elevadas, propiciando assim, o

desenvolvimento do pensamento intuitivo, que capta, percebe, compreende em rápida síntese o

que o pensamento analítico e racional talvez leve tempo para assimilar, ou jamais o consiga.

Por isso, tende a elevar nosso padrão vibratório propiciando a sintonia com as esferas elevadas

da vida Espiritual.

A música é vibração que irradia em forma de ondas sonoras, mas que invade a alma de

quem canta, executa e ouve, sutilizando o sentimento, ampliando a sensibilidade e propiciando a

sintonia com as vibrações de harmonia que sutilizam e espiritualizam a alma.

A dança é manifestação sutil da alma que se manifesta nos movimentos do corpo, onde a

energia vibratória se expande, irradia ligando as almas na mesma frequência vibratória, elevando

e sintonizando com as vibrações sutis de harmonia, beleza e paz das esferas superiores.

O teatro não é apenas representação, mas vivencia dramatizada, conhecimento, sentimento,

emoção, vibração. Mergulhando numa representação a criança, o jovem o adulto estará criando

e vivenciando um campo eletromagnético que a todos envolve. Alivia anseios e frustrações,

estimula a fantasia que, no entanto, se torna vivência da alma, ampliando o conhecimento de si

mesmo, experimentando novos comportamentos, novos sentimentos e emoções.

A literatura, seja nos romances, crônicas, poesias, são manifestações da alma que emocionam,

ensinam e despertam vibrações superiores.

Os romances transformam conhecimento e razão em pura emoção. Ensina emocionando e

emociona ensinando.

A poesia traduz as emoções que transbordam da alma em versos e prosas. Eterniza um

instante e aproxima o tempo distante.

A primeira obra publicada de Chico Xavier foi Parnaso de Além Túmulo, que, em sua última

edição continha duzentos e cinqüenta e nove poemas, de cinqüenta e seis autores luso-brasileiros,

entre renomados e anônimos.

As artes plásticas, em toda sua gama de opções, atinge todas as idades, fornecendo elementos

de criatividade e expressão.

A pintura transforma sentimentos em imagens de elevada e ampla expressão, que também

irradia e contagia.

A escultura concretiza a emoção, extraindo da pedra a alma que sente e irradia. O mármore

insensível cria vida e o barro se modela conforme a vibração da alma do artista.

Por isso, arte é sempre vida, elevada expressão da alma e maravilhosa ferramenta de educação

do Espírito.

A Arte na Educação do Espírito

O espiritismo vem abrir para a arte novas perspectivas, horizontes sem limites. A comunicação

que ele estabelece entre os mundos visível e invisível, as informações fornecidas sobre as condições

da vida no além, a revelação que ele nos traz das leis superiores de harmonia e de beleza que

regem o universo, vem oferecer a nossos pensadores, a nossos artistas, inesgotáveis temas de

inspiração.

Oradores, escritores, poetas, encontrarão nesses fenômenos fonte de idéias e de sentimentos.

O conhecimento das vidas sucessivas do ser, sua ascensão dolorosa através dos séculos, o

ensinamento dos espíritos a respeito dessa grandiosa questão do destino, lançará, em toda a

história, uma inesperada luz, e fornecerão ainda aos romancistas, aos poetas, temas de drama,

móbeis de elevação, todo um conjunto de recursos intelectuais que ultrapassarão em riqueza

tudo que o pensamento já pôde conhecer até o momento.

Quando refletimos a respeito de tudo o que o espiritismo traz à humanidade, quando

meditamos nos tesouros de consolação e de esperança, na mina inesgotável de arte e de beleza

que ele vem lhe oferecer, sentimo-nos cheios de piedade pelos homens ignorantes e pérfidos

cujas malévolas críticas não têm outra finalidade senão tirar o crédito, ridicularizar e até mesmo

sufocar a nascente idéia cujos benefícios já são tão sensíveis.

O materialismo, com sua insensibilidade haviam esterilizado a arte. Esta se arrastava na

estreiteza do realismo, sem poder elevar-se ao máximo da beleza ideal. O espiritismo vem dar-lhe

novo curso, um impulso mais vivo em direção às alturas, onde ela encontra a fonte fecunda das

inspirações e a sublimidade do talento.

O objetivo essencial da arte, já dissemos, é a busca e a realização da beleza é, ao mesmo

tempo a busca de Deus, uma vez que Deus é a fonte primeira e a realização perfeita da beleza

física e moral.

Quanto mais a inteligência se purifica, se aperfeiçoa e se eleva, mais se impregna da idéia

do belo. O objetivo essencial da evolução será, portanto, a busca e a conquista da beleza, a fim

de realizá-la no ser e em suas obras. Tal é a regra da alma em sua ascensão infinita.

A INSPIRAÇÃO

A arte, sob suas diversas formas, como já dissemos no capítulo precedente, é a expressão

da beleza eterna, uma manifestação da poderosa harmonia que rege o universo; é a irradiação do

Alto que dissipa as brumas, as obscuridades da matéria, e faz-nos entrever os planos da vida

superior. Ela é, por si mesma, rica em ensinamentos, em revelações, em luz. Ela encaminha a

alma em direção às regiões da vida espiritual, que é sua verdadeira vida, e que ela aspira reencontrar

um dia.

A arte bem compreendida é poderoso meio de elevação e de renovação. É a fonte dos mais

puros prazeres da alma; ela embeleza a vida, sustenta e consola nas provas, e traça com

antecedência, para o espírito, os caminhos para o céu. Quando é sustentada e inspirada por uma

fé sincera, por um ideal nobre, a arte é sempre uma fonte fecunda de instrução, um meio

incomparável de civilização e de aperfeiçoamento.

Porém, com bastante freqüência nos dias atuais, ela é aviltada, desviada de seu objetivo,

subjugada a mesquinhas teorias de escola e é, sobretudo, considerada um meio de se chegar à

fortuna, às honras terrestres. É empregada para lisonjear as más paixões, para super excitar os

sentidos, e assim faz-se dela um meio de rebaixamento.

O ESPIRITISMO NA ARTE

Citamos aqui trechos da obra O Espiritismo na Arte, de

Léon Denis, com o objetivo de incentivar nossos estudos

sobre o tema, principalmente para nos conscientizar do profundo

efeito da arte na educação do Espírito, no desenvolvimento

das qualidades interiores, das potências da alma, na

própria linguagem de Denis, em sua obra O Problema do

Ser, do Destino e da Dor, ou seja, na evolução do Espírito.

Quase todos aqueles que receberam a sagrada missão de encaminhar as almas para a

perfeição esquivaram se dessa tarefa. Tornaram-se culpados de um crime ao se recusarem instruir

e iluminar as sociedades e ao perpetuarem a desordem moral e todos os males que recaem sobre

a humanidade. Assim explicam-se as decadências da arte em nossa época e a ausência de

obras fortes.

O pensamento de Deus é a fonte das altas e sãs inspirações. Se nossos artistas soubessem

daí retirar alguma coisa, encontrariam o segredo das obras imperecíveis e as maiores felicidades.

O espiritismo vem lhes oferecer os recursos “espirituais dos quais nossa época necessita para

regenerar-se. Ele nos faz compreender que a vida, em sua plenitude, não é outra coisa senão a

concepção e a realização da beleza eterna”.

Viver é sempre subir, sempre crescer, sempre acrescentar a si o sentimento e a noção do

belo.

As grandes obras elaboram-se apenas no recolhimento e no silêncio, tendo como preço

longas meditações e uma comunhão mais ou menos consciente com o mundo superior. A algazarra

das cidades pouco convém ao vôo do pensamento; ao contrário, a calma da natureza, a profunda

paz das montanhas, facilitam a inspiração e favorecem a eclosão do talento. Assim verifica-se

uma vez mais o provérbio árabe: “O ruído pertence aos homens, o silêncio pertence a Deus!”

O espírita sabe que imenso auxílio à comunhão com o além, com os espíritos celestes,

oferece ao artista, ao escritor, ao poeta. Quase todas as grandes obras tiveram colaboradores

invisíveis. Essa associação fortifica-se e acentua-se através da fé e da prece. Elas permitem que

as forças do Alto penetrem mais profundamente em nós e impregne todo o nosso ser. Mais do que

qualquer outro, o espírita sente as poderosas correntes que passam nas frontes pensativas e

inspiram idéias, formas, harmonias, que são como o material do qual o talento se servirá para

edificar sua soberba obra.

A consciência dessa colaboração dá a medida de nossa fraqueza; ela nos faz compreender

que parcela vem da influência de nossos irmãos mais velhos, de nossos guias espirituais, daqueles

que, do espaço, debruçam-se sobre nós e nos assistem nos trabalhos. Ela nos ensina a nos

mantermos humildes no sucesso. Foi o orgulho do homem que esgotou a fonte das altas

inspirações. A vaidade, defeito de muitos artistas, endurece-lhes o espírito e afasta as grandes

almas que consentiriam em protegê-los. O orgulho forma como que uma barreira entre nós e as

forças do além.

O artista espírita tem consciência de sua própria carência, porém sabe que acima de si abrese

um mundo sem limites, pleno de riquezas, de tesouros incalculáveis, perto dos quais todos os

recursos da Terra são apenas pobreza e miséria. O espírita tem, também, conhecimento de que

esse mundo invisível, se ele sabe deste tornar-se digno, purificando seu pensamento e seu coração,

pode tornar mais intensa a ação do Alto, fazê-lo participar de suas riquezas através da inspiração

e da revelação, e delas impregnar obras que serão coma que um reflexo da vida superior e da

glória divina.

O objetivo destas páginas é, sobretudo mostrar o considerável papel que a inspiração

representou em todos os tempos na evolução da arte e do pensamento. Todos os estudiosos do

oculto sabem que uma onda de idéias, de formas, de imagens, aflui sem cessar do mundo invisível

sobre a humanidade. A maioria dos escritores, dos artistas, dos poetas, dos inventores, conhece

essas poderosas correntes que vêm fecundar seu cérebro, aumentar o círculo de suas concepções.

Às vezes a inspiração desliza suavemente em nosso intelecto, mistura-se intimamente a

nosso próprio pensamento, de tal maneira que se torna impossível distingui-la. Outras vezes é

uma irrupção repentina, uma invasão cerebral, um sopro que passa sobre nossas frontes e agitanos

com uma espécie de febre. Outras vezes, ainda, é como que uma voz interior, tão nítida e tão

clara que parece vir de fora para nos falar de coisas graves e profundas. Uma corrente de forças

e de pensamentos agita-se e rola à nossa volta, procurando penetrar nos cérebros humanos

dispostos a recebê-los, a assimilá-los, a traduzi-los sob a forma e a medida de suas capacidades,

de seu grau de evolução. Alguns o expressam de maneira mais ampla; outros, de modo mais

restrito, segundo suas aptidões, segundo a riqueza ou pobreza das expressões que lhes são

familiares e os recursos de sua inteligência.

A obra completa O Espiritismo na Arte, de Léon Denis

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