Por Walter Oliveira Alves
Sendo educação o desenvolvimento gradual e progressivo das potências do Espírito, podemos
afirmar que a arte é um processo pedagógico que busca a integração entre o pensar o sentir
e o agir.
Filhos de Deus-Criador, todos, crianças, jovens e adultos, somos criadores por excelência.
A arte é um dos mais valiosos canais de expressão, seja na música, teatro, dança, literatura,
artes plásticas, etc.
Atua no aspecto cognitivo, afetivo e volitivo. Estimula a criatividade, a expressão, o senso
estético, a sensibilidade, a cooperação e cria um campo vibratório de elevado teor entre o grupo
e se irradia pelos assistentes, induzindo as almas a vibrarem na mesma sintonia, no mesmo
padrão elevado.
A arte, em suas diferentes manifestações vai mais longe do que a razão, adentrando nos
canais sutis do sentimento e da emoção.
Desperta qualidades interiores e sintoniza com vibrações elevadas, propiciando assim, o
desenvolvimento do pensamento intuitivo, que capta, percebe, compreende em rápida síntese o
que o pensamento analítico e racional talvez leve tempo para assimilar, ou jamais o consiga.
Por isso, tende a elevar nosso padrão vibratório propiciando a sintonia com as esferas elevadas
da vida Espiritual.
A música é vibração que irradia em forma de ondas sonoras, mas que invade a alma de
quem canta, executa e ouve, sutilizando o sentimento, ampliando a sensibilidade e propiciando a
sintonia com as vibrações de harmonia que sutilizam e espiritualizam a alma.
A dança é manifestação sutil da alma que se manifesta nos movimentos do corpo, onde a
energia vibratória se expande, irradia ligando as almas na mesma frequência vibratória, elevando
e sintonizando com as vibrações sutis de harmonia, beleza e paz das esferas superiores.
O teatro não é apenas representação, mas vivencia dramatizada, conhecimento, sentimento,
emoção, vibração. Mergulhando numa representação a criança, o jovem o adulto estará criando
e vivenciando um campo eletromagnético que a todos envolve. Alivia anseios e frustrações,
estimula a fantasia que, no entanto, se torna vivência da alma, ampliando o conhecimento de si
mesmo, experimentando novos comportamentos, novos sentimentos e emoções.
A literatura, seja nos romances, crônicas, poesias, são manifestações da alma que emocionam,
ensinam e despertam vibrações superiores.
Os romances transformam conhecimento e razão em pura emoção. Ensina emocionando e
emociona ensinando.
A poesia traduz as emoções que transbordam da alma em versos e prosas. Eterniza um
instante e aproxima o tempo distante.
A primeira obra publicada de Chico Xavier foi Parnaso de Além Túmulo, que, em sua última
edição continha duzentos e cinqüenta e nove poemas, de cinqüenta e seis autores luso-brasileiros,
entre renomados e anônimos.
As artes plásticas, em toda sua gama de opções, atinge todas as idades, fornecendo elementos
de criatividade e expressão.
A pintura transforma sentimentos em imagens de elevada e ampla expressão, que também
irradia e contagia.
A escultura concretiza a emoção, extraindo da pedra a alma que sente e irradia. O mármore
insensível cria vida e o barro se modela conforme a vibração da alma do artista.
Por isso, arte é sempre vida, elevada expressão da alma e maravilhosa ferramenta de educação
do Espírito.
A Arte na Educação do Espírito
O espiritismo vem abrir para a arte novas perspectivas, horizontes sem limites. A comunicação
que ele estabelece entre os mundos visível e invisível, as informações fornecidas sobre as condições
da vida no além, a revelação que ele nos traz das leis superiores de harmonia e de beleza que
regem o universo, vem oferecer a nossos pensadores, a nossos artistas, inesgotáveis temas de
inspiração.
Oradores, escritores, poetas, encontrarão nesses fenômenos fonte de idéias e de sentimentos.
O conhecimento das vidas sucessivas do ser, sua ascensão dolorosa através dos séculos, o
ensinamento dos espíritos a respeito dessa grandiosa questão do destino, lançará, em toda a
história, uma inesperada luz, e fornecerão ainda aos romancistas, aos poetas, temas de drama,
móbeis de elevação, todo um conjunto de recursos intelectuais que ultrapassarão em riqueza
tudo que o pensamento já pôde conhecer até o momento.
Quando refletimos a respeito de tudo o que o espiritismo traz à humanidade, quando
meditamos nos tesouros de consolação e de esperança, na mina inesgotável de arte e de beleza
que ele vem lhe oferecer, sentimo-nos cheios de piedade pelos homens ignorantes e pérfidos
cujas malévolas críticas não têm outra finalidade senão tirar o crédito, ridicularizar e até mesmo
sufocar a nascente idéia cujos benefícios já são tão sensíveis.
O materialismo, com sua insensibilidade haviam esterilizado a arte. Esta se arrastava na
estreiteza do realismo, sem poder elevar-se ao máximo da beleza ideal. O espiritismo vem dar-lhe
novo curso, um impulso mais vivo em direção às alturas, onde ela encontra a fonte fecunda das
inspirações e a sublimidade do talento.
O objetivo essencial da arte, já dissemos, é a busca e a realização da beleza é, ao mesmo
tempo a busca de Deus, uma vez que Deus é a fonte primeira e a realização perfeita da beleza
física e moral.
Quanto mais a inteligência se purifica, se aperfeiçoa e se eleva, mais se impregna da idéia
do belo. O objetivo essencial da evolução será, portanto, a busca e a conquista da beleza, a fim
de realizá-la no ser e em suas obras. Tal é a regra da alma em sua ascensão infinita.
A INSPIRAÇÃO
A arte, sob suas diversas formas, como já dissemos no capítulo precedente, é a expressão
da beleza eterna, uma manifestação da poderosa harmonia que rege o universo; é a irradiação do
Alto que dissipa as brumas, as obscuridades da matéria, e faz-nos entrever os planos da vida
superior. Ela é, por si mesma, rica em ensinamentos, em revelações, em luz. Ela encaminha a
alma em direção às regiões da vida espiritual, que é sua verdadeira vida, e que ela aspira reencontrar
um dia.
A arte bem compreendida é poderoso meio de elevação e de renovação. É a fonte dos mais
puros prazeres da alma; ela embeleza a vida, sustenta e consola nas provas, e traça com
antecedência, para o espírito, os caminhos para o céu. Quando é sustentada e inspirada por uma
fé sincera, por um ideal nobre, a arte é sempre uma fonte fecunda de instrução, um meio
incomparável de civilização e de aperfeiçoamento.
Porém, com bastante freqüência nos dias atuais, ela é aviltada, desviada de seu objetivo,
subjugada a mesquinhas teorias de escola e é, sobretudo, considerada um meio de se chegar à
fortuna, às honras terrestres. É empregada para lisonjear as más paixões, para super excitar os
sentidos, e assim faz-se dela um meio de rebaixamento.
O ESPIRITISMO NA ARTE
Citamos aqui trechos da obra O Espiritismo na Arte, de
Léon Denis, com o objetivo de incentivar nossos estudos
sobre o tema, principalmente para nos conscientizar do profundo
efeito da arte na educação do Espírito, no desenvolvimento
das qualidades interiores, das potências da alma, na
própria linguagem de Denis, em sua obra O Problema do
Ser, do Destino e da Dor, ou seja, na evolução do Espírito.
Quase todos aqueles que receberam a sagrada missão de encaminhar as almas para a
perfeição esquivaram se dessa tarefa. Tornaram-se culpados de um crime ao se recusarem instruir
e iluminar as sociedades e ao perpetuarem a desordem moral e todos os males que recaem sobre
a humanidade. Assim explicam-se as decadências da arte em nossa época e a ausência de
obras fortes.
O pensamento de Deus é a fonte das altas e sãs inspirações. Se nossos artistas soubessem
daí retirar alguma coisa, encontrariam o segredo das obras imperecíveis e as maiores felicidades.
O espiritismo vem lhes oferecer os recursos “espirituais dos quais nossa época necessita para
regenerar-se. Ele nos faz compreender que a vida, em sua plenitude, não é outra coisa senão a
concepção e a realização da beleza eterna”.
Viver é sempre subir, sempre crescer, sempre acrescentar a si o sentimento e a noção do
belo.
As grandes obras elaboram-se apenas no recolhimento e no silêncio, tendo como preço
longas meditações e uma comunhão mais ou menos consciente com o mundo superior. A algazarra
das cidades pouco convém ao vôo do pensamento; ao contrário, a calma da natureza, a profunda
paz das montanhas, facilitam a inspiração e favorecem a eclosão do talento. Assim verifica-se
uma vez mais o provérbio árabe: “O ruído pertence aos homens, o silêncio pertence a Deus!”
O espírita sabe que imenso auxílio à comunhão com o além, com os espíritos celestes,
oferece ao artista, ao escritor, ao poeta. Quase todas as grandes obras tiveram colaboradores
invisíveis. Essa associação fortifica-se e acentua-se através da fé e da prece. Elas permitem que
as forças do Alto penetrem mais profundamente em nós e impregne todo o nosso ser. Mais do que
qualquer outro, o espírita sente as poderosas correntes que passam nas frontes pensativas e
inspiram idéias, formas, harmonias, que são como o material do qual o talento se servirá para
edificar sua soberba obra.
A consciência dessa colaboração dá a medida de nossa fraqueza; ela nos faz compreender
que parcela vem da influência de nossos irmãos mais velhos, de nossos guias espirituais, daqueles
que, do espaço, debruçam-se sobre nós e nos assistem nos trabalhos. Ela nos ensina a nos
mantermos humildes no sucesso. Foi o orgulho do homem que esgotou a fonte das altas
inspirações. A vaidade, defeito de muitos artistas, endurece-lhes o espírito e afasta as grandes
almas que consentiriam em protegê-los. O orgulho forma como que uma barreira entre nós e as
forças do além.
O artista espírita tem consciência de sua própria carência, porém sabe que acima de si abrese
um mundo sem limites, pleno de riquezas, de tesouros incalculáveis, perto dos quais todos os
recursos da Terra são apenas pobreza e miséria. O espírita tem, também, conhecimento de que
esse mundo invisível, se ele sabe deste tornar-se digno, purificando seu pensamento e seu coração,
pode tornar mais intensa a ação do Alto, fazê-lo participar de suas riquezas através da inspiração
e da revelação, e delas impregnar obras que serão coma que um reflexo da vida superior e da
glória divina.
O objetivo destas páginas é, sobretudo mostrar o considerável papel que a inspiração
representou em todos os tempos na evolução da arte e do pensamento. Todos os estudiosos do
oculto sabem que uma onda de idéias, de formas, de imagens, aflui sem cessar do mundo invisível
sobre a humanidade. A maioria dos escritores, dos artistas, dos poetas, dos inventores, conhece
essas poderosas correntes que vêm fecundar seu cérebro, aumentar o círculo de suas concepções.
Às vezes a inspiração desliza suavemente em nosso intelecto, mistura-se intimamente a
nosso próprio pensamento, de tal maneira que se torna impossível distingui-la. Outras vezes é
uma irrupção repentina, uma invasão cerebral, um sopro que passa sobre nossas frontes e agitanos
com uma espécie de febre. Outras vezes, ainda, é como que uma voz interior, tão nítida e tão
clara que parece vir de fora para nos falar de coisas graves e profundas. Uma corrente de forças
e de pensamentos agita-se e rola à nossa volta, procurando penetrar nos cérebros humanos
dispostos a recebê-los, a assimilá-los, a traduzi-los sob a forma e a medida de suas capacidades,
de seu grau de evolução. Alguns o expressam de maneira mais ampla; outros, de modo mais
restrito, segundo suas aptidões, segundo a riqueza ou pobreza das expressões que lhes são
familiares e os recursos de sua inteligência.
A obra completa O Espiritismo na Arte, de Léon Denis
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