Trabalho em um dos grandes hospitais de Vitória-ES e na recepção central deste existe um piano de cauda que nunca vi sendo tocado... ele existe lá mais como símbolo de uma tentativa de humanização, que não acontece na correria do dia a dia das recepções lotadas.
Está num canto, servindo de decoração.
Hoje estava eu humildemente acolhendo o as angústias de uma mãe aflita que chorava diante do choro de sua filha que sofria as agulhadas tão necessárias da hemodiálise quando a música se fez presente.
No meio da recepção cheia, ardente em angústias, reclamações, choro e desespero, um rapaz se dirigiu ao piano e tocou.
Meu coração foi se aquecendo e os ouvidos conheciam a melodia... era Ave Maria.
O barulho foi extinguindo-se, as pessoas pararam para escutar... e agora me pergunto o que escutavam? Uma simples Ave Maria num piano ou a voz de nossa querida Mãe do Céu a consolar os corações aflitos?
Quando o rapaz terminou de tocar e fechou o piano, a recepção era silêncio. Via-se alguns sinais da cruz e alguns olhos fechados.
Agradeci e continuo agradecendo a Deus por inspirar tal rapaz a atitude tão acalentadora.
Minha paciente?
A angústia passou e ela olhou para mim e disse: "Deus sabe o que faz não é minha filha?" E eu, chorando, respondi que sim e dei-lhe um abraço que nunca vou esquecer.
Que possamos mesmo usar a arte para alcançar os corações.
Um grande abraço,
Nathalia - Grupo BEM - Vitória-ES
Fonte: Lista de emails fórum Abrarte
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